Rómulo, Nome de Código José Bento Barbosa
Apreciações a Rómulo
Acabei de ler o teu livro "Rómulo, Nome de Código". Só tenho que dar-te os parabéns,que nada te acrescentam pelo nulo valor crítico de quem os emite. Ainda assim atrevo-me a dizer que é um livro muito bem escrito, numa linguagem simples, de variado e rico vocabulário, sempre ao nível da personagem ou do ambiente: chão se com os simples, elegante quando palaciano, romântico nos amores, técnico se em terrenos da ciência, etnológico nos regionalismos, soez, só quanto baste, no calão militar e de bordel, etc. Fluente e cheio de pérolas literárias como são os tropos utilizados. Cito um: "Apenas conseguiu uma ridícula imitação de alegria, tão falsa como as notas de Angola e Metrópole do Alves dos Reis". Na ortografia tudo bem, embora não tenha penteado o texto com pente cata lêndeas. Apenas uma palavra me deu comichão cá no meu nervo óptico de leitor: a palavra "compinxa".(*) Aqui parei e pensei: - Olha como eu estava enganado, sempre pensei que se escrevesse "compincha". Na Enciclopédia Portuguesa Brasileira o termo pura e simplesmente não existe, porém, no dicionário Houaiss aparece compincha como sinónimo de camarada, companheirismo. Sintàcticamente não te sei dizer se está tudo bem. Para mim está. Desculpa o acento em sintàcticamente, mas tal como o Saramago não alinho nisso de acordo ortográfico. Quanto ao enredo, embora ele seja dois quintos autobiográfico, achei-o muito bem gizado, com um certo "suspense", pedindo que se não parasse a leitura antes de conhecer-se o final da história. Personagens bem definidas psicològicamente, actuando em todas as ocasiões consoante os seus caracteres. O Rómulo (descobriste-te quando a D. Henriqueta lhe dá o nome de Ludovico - Ludovicus I Rex Portucale) foi-te fácil. Olha que até os " porras " e os "cabrões" são dum "soutismo" saudoso e salutar para desabafar sem ser-se muito reles e o carago dum "tripeirismo" de gema. Quanto aos ideais defendidos aí é que estou do outro lado da barricada, só tendo pena de não ter "os teus dons da Natureza" para os defender. Se eu os tivera… Ao teu "Cabana do Pai Tomás" corresponder-te-ia com um muito romântico E Tudo O Vento Levou, cujo herói seria algo como Remo.
José Bento Barbosa
Esclarecimento do autor de Rómulo:
(*) Quando este romance foi escrito, ainda não estava publicado em Portugal o dicionário Houaiss.
Perante o sublinhado vermelho do computador, e na dúvida da grafia de "compinxa", recorri ao dicionário de José Pedro Machado, edição da Sociedade da Língua Portuguesa. Aí encontrei "compinxa" ou "compinxo", com ambas as entradas a indicar o mesmo que "compixa" – bom companheiro. Foi a razão de utilizar a grafia "compinxa"
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